2 de dez. de 2008

Seminário Proinfo e TV Escola/2008 - Sul


A Secretaria da Educação a Distância (SEED) por intermédio das Diretorias de Infra-estrutura em Tecnologia Educacional (DITEC) e de Programas de Capacitação em EAD (DPCEAD), realizou em Florianópolis nos dias 18, 19, 20 de novembro, o Seminário Proinfo e TV Escola 2008 - Edição Sul. Participaram deste curso as Multiplicadoras Cecilia e Marilza que fazem parte da equipe do NTE/São Joaquim.
O Proinfo, programa nacional de tecnologia educacional, é uma das iniciativas do Ministério da Educação para promover o uso pedagógico das diversas tecnologias da Informação e Comunicação. Com três dimensões de trabalho: infra-estrutura, capacitação e conteúdo. A dimensão de infra-estrutura significa colocar até 2010, computadores em todas as 148.000 escolas públicas brasileiras com internet banda larga. A segunda dimensão é a capacitação dos professores para o uso desses recursos, o professor precisa dominar a tecnologia e gostar desse processo interativo. Essa dinamização deixa a sala de aula mais criativa, os alunos gostam, e podem construir um processo cognitivo que o levem para além dos muros da escola, para além dos livros didáticos. E, por intermédio dos NTEs, os multiplicadores passam a participar do processo de disseminação desta tecnologia nas escolas. A terceira dimensão é a questão do conteúdo, oferecer aos professores os conteúdos, neste sentido, a TV Escola que faz parte deste pacote de mídias integradas, o portal do professor, que também é um acesso aos conteúdos, com um banco de elementos educacionais. Mas tudo isso só vai funcionar, se tiver um grupo entusiasmado fazendo as capacitações promovendo a inclusão digital dos professores e gestores das escolas públicas que são os NTEs que permitem um ambiente entusiasta. É difícil implementar uma nova cultura, então através de uma série de processos, é que finalmente, vai desembocar na mudança cultural da escola frente as tecnologias. Segundo especialistas, o domínio das diferentes linguagens tecnológicas, contribuem para a construção do conhecimento, além disso alunos e professores passam a ser produtores em rede e na rede.

1 de dez. de 2008


Educar o educador


José Manuel Moran
Especialista em mudanças na educação presencial e a distância


Texto inspirado no capítulo primeiro do livro: MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 14 ª ed. Campinas: Papirus, 2007, p.12-17

Aprender a ensinar

Um dos eixos das mudanças na educação passa pela transformação da educação em um processo de comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos, principalmente, incluindo também administradores, funcionários e a comunidade, principalmente os pais. Só vale a pena ser educador dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só aprendemos profundamente dentro deste contexto. Não vale a pena ensinar dentro de estruturas autoritárias e ensinar de forma autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto prazo - os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos programáticos - mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos.

Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno.

Cada um de nós professores/pais colabora com um pequeno espaço, uma pedra, na construção dinâmica do "mosaico" sensorial-intelectual-emocional de cada aluno. Ele vai organizando continuamente seu quadro referencial de valores, idéias, atitudes, a partir de alguns eixos fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal.

Só podemos educar para a autonomia, para a liberdade com autonomia e liberdade. Uma das tarefas mais urgentes é educar o educador/pai para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada um.

É importante termos educadores/pais com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação.

Só podemos ensinar até onde conseguimos aprender. E se temos tantas dificuldades em ensinar, entre outras coisas, é porque aprendemos pouco até agora. Se admitíssemos nossa ignorância quase total sobre tudo - tanto docentes como alunos - estaríamos mais abertos para o novo, para aprender. Mas ao pensar que sabemos muito, limitamos nosso foco, repetimos fórmulas, avançamos devagar.

Sabemos muito, mas não sabemos o principal. Temos conhecimentos pontuais, mas nos falta o referencial maior, o que dá sentido ao nosso viver. Por que e para que aprendemos? Quando só temos objetivos utilitaristas - como conseguir um diploma, um emprego, ganhar dinheiro - isso concentra nossos esforços, mas estreita nosso raio de visão, de percepção.

Temos visões parciais, que se constroem com dificuldade e estão inseridas numa dinâmica informativa volátil. Se aceitamos isso profundamente e com confiança, poderemos começar a procurar com menos ansiedade, a intercambiar nossas pequenas descobertas, a estarmos mais atentos a tudo, a não acreditar em verdades dogmáticas, simplistas. Perceberemos que a realidade é muito mais complexa do que as explicações científicas e que, ao mesmo tempo, iremos apoiando-nos na ciência para avançar a partir dela sem cair em explicações sem consistência.

Ensinar não é só falar, mas comunicar-se com credibilidade. É falar de algo que conhecemos intelectual e vivencialmente e que, pela interação autêntica, contribua para que os outros e nós mesmos avancemos no grau de compreensão do que existe.

Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento. Isso nos dará muita credibilidade, uma das condições fundamentais para que o ensino aconteça. Se inspirarmos credibilidade, poderemos ensinar de forma mais fácil e abrangente. A credibilidade depende de continuar mantendo a atitude honesta e autêntica de investigação e de comunicação, algo não muito fácil numa sociedade ansiosa por novidades e onde há formas de comunicação dominadas pelo marketing, mais do que pela autenticidade.

Só pessoas livres - ou em processo de libertação - podem educar para a liberdade, podem educar livremente. Só pessoas livres merecem o diploma de educadoras. Necessitamos de muitas pessoas livres na educação que modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino. Só pessoas autônomas, livres podem transformar a sociedade.